Então é Natal...
A aguardada ou temida temporada de filmes natalinos chegou. Estivemos virtualmente com Eddie Murphy para falar de um deles
Mais certo do que o Flamengo 2023 tomar um gol nas costas de seu lateral-direito, seja ele qual for, é a certeza de que, nos últimos meses do ano, seremos inundados de filmes e séries natalinas. Ok, há um público que as consome, que até aguarda esta época do ano para desfrutar dessas obras, mas isso não necessariamente conta a favor da qualidade delas.
Claro, há várias obras natalinas que merecem destaque, e nem vou entrar na discussão de “Duro de Matar” (1988) ser ou não uma dessas obras. Há textos recentes, como “Klaus” (2019) ou a série italiana “Eu Odeio o Natal” (que volta semana que vem) que provam que dá, sim, para utilizar-se dos clichês natalinos e entregar algo interessante.
Nos últimos dias, Amazon Prime Video e Netflix lançaram duas de suas apostas para a temporada, “A Batalha de Natal” e “Trocados”, respectivamente. Falo um pouco de cada uma delas nesta newsletter e na próxima (a ideia era ter as duas aqui, mas acabei achando grande demais).
A Batalha de Natal
O filme da Amazon tem a pompa de ter Eddie Murphy como produtor e protagonista. Dirigido pelo renomado Reginald Huldin (“Uma Festa de Arromba”), o filme é um grande festival de clichês, mas eles até funcionam razoavelmente bem.
“A Batalha de Natal” se passa nos dias que antecedem o Natal da família Carver. No mesmo dia, Chris (Murphy) é demitido enquanto sua esposa, Carol (Tracee Ellis Ross) é indicada para uma promoção. Chris então coloca na cabeça que tem que vencer o festival anual de decoração natalina de sua rua, principalmente porque, neste ano, o vencedor terá um prêmio de US$ 100 mil.
Chris então encontra uma loja meio mágica, no meio do nada, com toda decoração natalina que se possa imaginar. Ele sai de lá com uma árvore que faz alusão à música “Doze Dias de Natal” (cantada sem parar, em sua versão original, por meu sobrinho há algum tempo) e faz um sucesso danado quando a rede de televisão local passa por lá. No outro dia, porém, as figuras ganharam vida e fugiram. Chris descobre ter sido amaldiçoado por uma elfa vingativa e agora precisa recuperar os anéis que as criaturas carregam para não ser transformado em um boneco de decoração.
“A Batalha de Natal” se assemelha muito a um filme oitentista de aventura, o que faz sentido pela presença de Eddie Murphy. Há momentos muito bons no filme, como quando Eddie “improvisa” com os bonecos – todos os bonecos têm vozes originais de humoristas americanos que improvisavam com Eddie no ponto. “Era um inferno, uma casa de doidos”, lembrou o ator, em entrevista para a divulgação do filme na qual este que vos escreve estava presente.
Durante todo o tempo, o comediante ressaltava a importância de Reginald Huldin no filme. “Diretores fazem filmes, atores apenas estão nos filmes”, disse, mais de uma vez. O diretor, também presente na entrevista, preferia elogiar seus atores e a humildade de seu protagonista. “Eddie não queria ser o cara engraçado em todas as cenas, ele queria que a cena fosse engraçada, que todos fossem engraçados juntos”.
O filme, porém, nem sempre funciona bem, com alguns arcos que não fazem muito sentido nem para um filme de Natal. É claro que estamos diante de um filme com mensagem bonita, de amor, de valores familiares e de valorizar o que realmente importa, mas os meios para se chegar a essa mensagem final às vezes são muletas. Por exemplo, a vilã é quem leva os anéis até os protagonistas, que têm pouco trabalho quanto a isso.
Ainda assim, com uma pegada meio “Uma Noite no Museu”, “A Batalha do Natal” funciona como um filme de fim de ano, uma aventura para toda a família, com alguns momentos bem engraçados sustentados pelo improviso de talentosos comediantes como Nick Offerman, Chris Redd e Robin Thede.
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Adorei a série “eu odeio o natal”!